ATA DA DÉCIMA TERCEIRA
SESSÃO SOLENE DA SEGUNDA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA SEGUNDA
LEGISLATURA, EM 14.05.1998.
Aos quatorze dias do mês de
maio do ano de mil novecentos e noventa e oito reuniu-se, no Plenário Otávio
Rocha do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre. Às
dezessete horas e quinze minutos, constatada a existência de “quorum”, o Senhor
Presidente declarou abertos os trabalhos da presente Sessão, destinada a
assinalar o transcurso do Dia de Solidariedade ao Estado de Israel e homenagear
os cinqüenta anos da independência do Estado de Israel, nos termos do
Requerimento nº 25/98 (Processo nº 398/98), de autoria do Vereador Isaac Ainhorn.
Compuseram a MESA: os Vereadores Clovis Ilgenfritz e Isaac Ainhorn,
respectivamente, 1º e 2º Vice-Presidente da Câmara Municipal de Porto Alegre,
na presidência dos trabalhos; o Senhor José Fortunati, Vice-Prefeito de Porto
Alegre; o Senhor Yaacov Keinan, Embaixador de Israel; a Senhora Dorit Shavit,
Consulesa-Geral de Israel; o Senhor Mário Anspach, Presidente da Federação Israelita,
em exercício; o Professor Bóris Wainstein, Presidente do Conselho Geral das
Entidades Judaicas; o Senhor Ghedale Saitovich, Presidente da Organização
Sionista do Rio Grande do Sul; o Senhor Ricardo Russowsky, Presidente do Sistema
Financeiro Estadual, representando o Senhor Governador do Estado do Rio Grande
do Sul; o Coronel Irani Siqueira,
representante do Comando Militar do Sul; o Vereador Henrique Fontana, na
ocasião, Secretário “ad hoc”. A seguir, o Senhor Presidente convidou a todos
para, em pé, ouvirem à execução do Hino de Israel e do Hino Nacional
Brasileiro, interpretados pela Fanfarra do Terceiro Regimento de Cavalaria de
Guardas, sob a regência do 1º Tenente Ezequiel Português de Souza. Em continuidade,
o Senhor Presidente concedeu a palavra aos Vereadores que falariam em nome da
Casa. O Vereador Isaac Ainhorn, em nome da Bancada do PDT, PFL, PSB e PPS,
manifestou sua satisfação por, representando a comunidade porto-alegrense,
prestigiar esta solenidade em que se comemoram os cinqüenta anos do Estado de
Israel, afirmando que o ano de mil novecentos e quarenta e oito foi um dos maiores momentos da
história da humanidade. O Vereador Eliseu Sabino, em nome da Bancada do PTB,
prestou sua homenagem a todos que integram o Estado de Israel, lembrando a
participação do Brasil na criação desse Estado e analisando o significado do
povo israelense no contexto político e religioso da sociedade atual. O Vereador
Pedro Américo Leal, em nome das Bancadas
do PPB e do PMDB, declarou que a solidariedade, a liberdade e a
dignidade são características do povo judeu, sendo tais virtudes as responsáveis
pelas vitórias alcançadas
por esse povo durante sua trajetória para criação e desenvolvimento do
Estado de Israel. Na ocasião, o Senhor Presidente registrou, como extensão da
Mesa, as presenças do Rabino Mendel Liderov, do Beit Rabad; do Senhor Rubens
Narnamovitch, Guia Espiritual da União Israelita; do Professor Guershon Kwasniewski, líder religioso da SIBRA; do Senhor
Yehuda Guitelmaw, Guia Espiritual do Centro Israelita Portoalegrense; o Senhor
Salomon Sarnbanot, Razan do Centro Israelita Porto-Alegrense; o Senhor Henrique
Feter, Presidente do Centro Israelita Portoalegrense; o Senhor Guedalha
Saitoch, Presidente da Organização Sionista do Rio Grande do Sul; o Senhor Nilo
Berlin, Presidente da B'Nei B'Rit; do Senhor Antônio Cesar do Nascimento,
representante da Liga da Defesa Nacional e da Associação do Batalhão Suez; da
Senhora Márcia Friedmann, Diretora do Colégio Israelita; do Coronel Edmir Mármora, Comandante do
Colégio Militar de Porto Alegre; da Senhora Ena Raskin, Presidenta das Senhoras
Pioneiras; do Senhor Samuel Schneider Netto, 2º Vice-Presidente da Federação
Israelita; da Senhora Sara Toriskavili, Presidenta das Senhoras Witzo; do
Senhor Malk Zamel, Presidente do Shira Apleitá. A seguir, o Vereador Cláudio
Sebenelo, em nome da Bancada do PSDB, discorreu acerca da criação e consolidação do
Estado de Israel, salientando a
participação marcante do povo judeu na cultura brasileira. O Vereador Henrique
Fontana, em nome da Bancada do PT, declarou sintetizar a comunidade
judaica o anseio pela dignidade que
possui todo ser humano, sendo exemplo vivo da luta contra a perseguição e em
prol da liberdade. Em prosseguimento, o Senhor Presidente concedeu a palavra ao
Vice-Prefeito José Fortunati, que prestou sua homenagem ao povo judeu,
destacando a importância da criação do Estado de Israel, como resultado de um
movimento de fé, de luta e de perseverança idealizado e concretizado pelo povo
judeu. A seguir, o Conjunto Musical "Lechaim" procedeu à execução de
músicas da cultura judaica e, após, o Senhor Presidente concedeu a palavra aos Senhores Mário Anspach e
Yaacov Keinan que, em nome da
comunidade judaica, agradeceram a homenagem prestada pela Casa. Em
prosseguimento, o Senhor Presidente convidou o
Guia Espiritual da Sinagoga União Israelita para encerrar esta Sessão
com o Toque de Shofar. Também, convidou os presentes para visitarem, no andar
térreo deste Legislativo, exposição de painel intitulado
"Metamorfose", criação do artista plástico alemão-israelense Gershon
Knispel, relativo às vítimas do holocausto.
Às dezenove horas e sete minutos, o Senhor Presidente agradeceu a
presença de todos e, nada mais havendo a tratar, declarou encerrados os
trabalhos, convocando os Senhores Vereadores para a Sessão Ordinária de amanhã,
à hora regimental. Os trabalhos foram presididos pelos Vereadores Clovis
Ilgenfritz e Isaac Ainhorn e secretariados pelo Vereador Henrique Fontana,
Secretário "ad hoc". Do que
eu, Henrique Fontana, Secretário "ad hoc", determinei fosse lavrada a
presente Ata que, após distribuída em avulsos e aprovada, será assinada pelos
Senhores 1º Secretário e Presidente.
O SR. PRESIDENTE (Clovis Ilgenfritz): Estão
abertos os trabalhos da 13ª Sessão
Solene, que se destina a homenagear o Dia de Solidariedade ao Estado de Israel
e aos 50 anos de sua independência, uma
proposição de autoria do Ver. Isaac Ainhorn.
Para
compor a Mesa convido o Sr. Yaacov Keinan, Embaixador de Israel; Sra Dorit
Shavit, Consulesa-Geral de Israel; Sr. Mário Anspach, Presidente da Federação
de Israelita em exercício; Prof. Bóris Wainstein, Presidente do Conselho Geral
das Entidades Judaicas; Dr. Ghedale Saitovich, Presidente da Organização
Sionista do Rio Grande do Sul; Sr. Ricardo Russowsky, Presidente do Sistema
Financeiro Estadual, representante do Governador do Estado do Rio Grande do
Sul; Coronel Irani Siqueira, representante do Comando Militar do Sul; Sr. José
Fortunati, Vice-Prefeito de Porto Alegre.
Convidamos
a todos os presentes para dar início a homenagem dos 50 Anos de Independência
do Estado de Israel e ao Dia de Solidariedade, neste momento, e ouvirmos o Hino de Israel que será
interpretado pela Fanfarra do Terceiro Regimento de Cavalaria de Guardas, sob a regência do 1º Tenente Exequiel
Português de Souza.
(Procede-se
à execução do Hino de Israel.)
Convidamos
a todos para de pé cantarmos o Hino Nacional Brasileiro.
(Procede-se
à execução do Hino Nacional Brasileiro.)
Dando
continuidade, concedemos a palavra ao Proponente desta Sessão Solene, nosso
colega Ver. Isaac Ainhorn que falará em nome da Bancada do seu Partido - PDT -,
e pelas demais Bancadas: PFL. PSB e do PPS.
O SR. ISAAC AINHORN: Sr. Presidente em exercício desta Casa,
meu caro amigo Ver. Clovis Ilgenfritz da Silva. (Saúda os demais componentes da
Mesa.) Srs. Vereadores, Senhoras e Senhores.
Queríamos,
nesta oportunidade, por ocasião do cinqüentenário da Independência do Estado de
Israel, em primeiro lugar, fazer um registro, Sr. Embaixador, que se liga a uma
entrevista que, há poucos momentos, eu dava à Rádio Guaíba, e indagava-me o repórter por que,
anualmente, a Câmara Municipal de Porto Alegre realizava uma Sessão Solene
destinada a homenagear a independência do Estado de Israel no dia 14 de maio.
E
eu explicava que o Estado de Israel
nasceu da perseverança e da determinação de um povo que, por milênios,
perseguiu a busca do seu lar nacional. E, de outro lado, na sua curta
existência, ele precisou sempre da solidariedade dos povos e dos países para a
sua curta existência de 50 anos, exigiu em muito, nos diversos momentos em que
esteve ameaçada a sua própria existência, a solidariedade da sociedade
internacional.
Recordo-me
que, há pouco mais de um ano, esta Casa realizava aqui, neste plenário, um ato
de solidariedade ao Estado de Israel,
em que membros de sua população civil tinham sofrido mais um atentado
terrorista na cidade de Jerusalém. E esta Casa se sentia na responsabilidade,
também, de integrar e de participar de um ato de solidariedade contrário à prática de terrorismo.
E
aqui gostaríamos, até como um efeito
didático, pela importância desta Sessão Solene em que o Sr. Embaixador do
Estado de Israel no Brasil, Sr. Yaacov Reinan, e a Sra. Cônsul-Geral em nosso
País, eles aqui comparecem, justamente, no dia em que o Estado de Israel
comemora o seu cinqüentenário, exatamente no dia 14 de maio de 1998.
Nesse
mesmo dia, 14 de maio de 1948, David Ben Gurion proclamava, junto ao parlamento
judeu, a independência do Estado de Israel.
E
fazemos essa consideração, sobretudo, porque, neste momento, esta Sessão é
assistida por gente muito importante que são os jovens de duas Instituições
educacionais desta Cidade e deste Estado, o Colégio Israelita Brasileiro e a
Escola Militar de Porto Alegre. Eles estão aqui prestigiando e fazendo parte
integrante desse processo de homenagem, neste dia, ao Estado de Israel.
Agradecemos
essa iniciativa que foi tomada pelo ilustre coronel Marmona, que aqui se faz
presente, diretor-comandante da Escola Militar de Porto Alegre. Essa integração
nos alegra muito, Sr. Embaixador, é tão importante por alguns fatos que há pouco tempo, nos deixaram muito
entristecidos. E quando esses alunos aqui comparecem, juntamente com o diretor
dessa Instituição, muito nos alegra e, sobretudo, quando uma banda componente
do Comando Militar Sul, do Sul deste Estado, integra-se a esta solenidade
executando o Hatikva, o Hino Nacional de Israel, juntamente com o Hino Nacional
do Brasil. Tem toda uma simbologia, os fatos que acontecem, e nos alegram e nos
emocionam muito, porque faz parte de um processo muito grande de integração
entre esses dois povos.
A
singularidade que gostaria de apontar em relação a esta Casa, é que, talvez, de forma pioneira no Brasil e
no mundo, tem alguns fatos que a ligam de forma muito intensa com o Estado de
Israel, praticamente desde a sua fundação. Os Vereadores que por aqui passaram,
em diversas legislaturas, anualmente prestaram homenagem pelo aniversário do
Estado de Israel, no curso de todos esses anos. E a Câmara Municipal de Porto
Alegre com muito orgulho detém uma condição muito peculiar e singular no mundo,
é uma Câmara que tem junto a este Plenário Otávio Rocha uma placa comemorativa
aos 3.000 anos de Jerusalém. Essa placa
refere: “Centro espiritual de três religiões e Capital do Estado de Israel.” E
de forma ainda muito forte, além da Lei que instituiu, no ano de 1990, o Dia de
Solidariedade ao Estado de Israel, nós temos também, junto à Câmara Municipal
de Porto Alegre, ao seu jardim fronteiro, um bosque que leva a denominação de
Yitzhak Rabin. Registramos esses
fatos da tribuna desta Casa pela força
que eles têm em relação a essa
integração muito forte e cujo símbolo maior, para nós, Vereadores e
legisladores desta Cidade, e representantes do povo de Porto Alegre, é a honra
que nos dá, neste momento, com a sua
presença, com a presença do representante do Estado de Israel em nosso País do
Sr. Yaacov Keinan. Tenho certeza de que esse fato ficará marcado na história
desta cidade, sobretudo pelo marco que representa esses primeiros 50 anos do
Estado de Israel. Portanto, essas são as observações básicas que confortam a
nossa manifestação, neste momento: a solidariedade permanente do povo
brasileiro, do povo rio-grandense, da representação da sociedade
porto-alegrense e que tem um outro fato muito importante que cria ligações
extremamente fortes nesse processo, que é
o fato de que a histórica Sessão da Organização das Nações Unidas,
em 29 de novembro de 1947, criou um
Estado Judeu e um Estado Palestino. Essa Sessão foi presidida, e teve um papel
decisivo, por um gaúcho, o Embaixador Osvaldo Aranha. Todos esses fatos criam
uma situação muito original e muito peculiar desse momento maior que vive a nossa
Cidade quando comemoramos os cinqüenta anos do Estado de Israel. Tenho certeza
de que os anos passar-se-ão, chegaremos ao 3º milênio, com certeza, com aquela
aspiração da consolidação de uma paz definitiva naquela Região. Nós, invocando às suas palavras, Sr. Embaixador, somos
testemunhas de um dos momentos mais importantes da história da humanidade,
momentos de muita tristeza, mas de muita alegria, de muita dor, de muitos
sofrimentos, mas também de muita felicidade. Infelizmente, foi neste momento,
foi neste século, na nossa contemporaneidade, que assistimos a maior tragédia
que se abateu sobre um povo, o holocausto, e neste mesmo século, somos
espectadores e partícipes do processo de construção de uma nova ordem mundial,
onde o Estado de Israel, que perseguiu, por milênios, o seu direito mínimo de
existência sobre um território, em que
resta erigido e reconhecido
internacionalmente. Sabemos ainda das dificuldades, dos caminhos árduos que
ainda teremos de percorrer. Se fizéssemos uma retrospectiva da história, diríamos
que este é o momento de profundas mudanças no conhecimento científico, e
que elas se operam com uma velocidade extraordinária. Vivemos, quem sabe, um
dos momentos mais fulgurantes da história da humanidade. Talvez, estejamos muito próximos para dizer que seja
maior que o período da renascença, e para o povo judeu é tão simbólico, como a
libertação do cativeiro da Babilônia, ou mais ainda, a libertação, a saída do
Egito. São fatos que marcam e que cuja tradição fazemos com que
estejam muito vivos na nossa memória e na nossa história. Acredito que
vivemos em um momento maior e dentro de 100, 200, 300, 500 ou, quem sabe, 1000
anos, em um momento extraordinário da história da humanidade, estarão falando
do nosso momento, da nossa história, 1948, século XX, final do milênio, como um
dos momentos maiores da história da humanidade. Queremos registrar nossa
alegria, nossa satisfação de estarmos presentes neste momento histórico para
Porto Alegre em que se comemoram os 50
anos do Estado de Israel. Muito obrigado. (Palmas.)
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O
Ver. Eliseu Sabino está com a palavra. Falará pelo partido do PTB.
O SR. ELISEU SABINO: (Saúda os presentes.) Este é um momento
muito especial para este Vereador, momento em que usamos a tribuna para
manifestar a nossa palavra de homenagem a todos os que fazem parte dessa
grandiosa Nação, Israel.
Estamos
hoje comemorando, nesta Casa, esse cinqüentenário. É, de fato, uma data de
significativa importância.
Este
Vereador tem o privilégio de ter a mesma data. O ano de 1948 foi o ano em que
eu nasci. Quando pude entender alguma coisa sobre Israel, comecei também a
entender que havia uma afinidade
especial desse povo com aquela Nação - por que não dizer? - de todo o mundo com
a Nação Israelita.
Desde
criança, aprendi os princípios bíblicos, conheci o Velho Testamento, estudando,
lendo e acompanhando as histórias de lutas, de batalhas, de derrotas e, muito
mais, de conquistas do povo de Israel, porque o povo de Israel teve, por certo,
o acompanhamento da proteção divina em toda a sua trajetória. Por isso, hoje,
nós não estamos comemorando o cinqüentenário apenas de uma nação qualquer, mas
estamos, aqui, com alegria, comemorando o cinqüentenário para aqueles que são
israelitas de verdade. Apenas uma data simbólica, porque Israel é uma Nação que
permeou a fundação do mundo. Estamos, aqui, simbolicamente comemorando este
cinqüentenário. É uma razão legal e estamos felizes por isto.
Na
verdade, ao orador que me
antecedeu manifestamos a nossa palavra
de homenagem, pela brilhante iniciativa de pensar em homenagear o Estado de
Israel nesta data, Ver. Isaac Ainhorn, nosso companheiro nesta Casa, um dos israelitas está aqui representando esse povo por quem este Vereador tem
profunda admiração e, também, tem a humildade de dizer que, sem esse povo, o
mundo não teria a bênção de Deus.
Brasil
e Israel têm muito a ver, tanto no terreno afetivo quanto no terreno político,
visto que os cristãos, em todo o mundo, têm constantemente a sua fé, o seu amor
voltado a Israel, uma vez que lá nasceu o Salvador do mundo Jesus Cristo.
No
campo político, o Brasil teve a sua participação direta, quando, em 1948, o
Estado de Israel foi reconhecido como nação e um brasileiro, Osvaldo Aranha,
Secretário-Geral da ONU, teve seu voto decisivo para a consumação dessa grande
vitória de Israel. No Velho Testamento há muitas passagens e em quase todas é
impossível deixar de lado o povo de Israel. No Livro de Números, no cap. 14,
registra-se uma passagem, quando Moisés enviou seus 12 espias para espiar a
Terra Prometida. Diz a História que 10 retornaram com uma mensagem negativa,
com uma mensagem de desânimo, com uma mensagem de tristeza dizendo: “Aquela
terra, não vamos poder herdar, não vamos poder chegar lá, porque ela é uma
terra cheia de gigantes e há lá um perigo muito grande para esse povo”. No
entanto, Josué e Kaleb retornaram com um quadro diferente, retornaram com um
quadro inflamado de doçura e abundância, de alegria de um amanhã prazeroso.
Disse, a respeito de visão, eram doze que foram ver a Terra Prometida, dez
traziam mensagens negativas, dois traziam mensagens otimistas. Hoje, o mundo
está voltado para Israel. Todos estão olhando para Israel, as nações estão
voltadas para Israel. As visões são distorcidas, há muitas visões, mas é
possível que essa terra da qual “emana
leite e mel”, conforme registra o Livro de Números 14:8, não seja um
paraíso para muitas pessoas que, muitas vezes, querem transformar esse paraíso
em um inferno. Politicamente, esse país não tem uma constituição, mas é regido
pelos preceitos de Torá. A Torá e seus mandamentos se tornam uma fortaleza em
torno de Israel, que os preserva como um povo através das gerações. Lembram um
povo marcado. O povo judeu guarda a Torá, acima de tudo, a Torá guarda o povo
judeu. Sua fidelidade á Torá lhes trouxe uma diferença e enormes conseqüências.
Não é fácil ser diferente neste mundo e, quando olhamos para Israel, para o
povo judeu, marca-se uma diferença. Portanto, o povo judeu tem sofrido mais do
que qualquer outro povo conhecido na história , que o diga quem conhece a
história. Desta maneira, nós entendemos que Israel é um povo santificado por
Deus: tem colocado o povo judeu à parte dos outros povos da Terra com o
objetivo de usá-lo com um propósito especial.
Essa é a nossa visão. Entendemos que o povo de Israel é especial, é um
povo que não obstante o seu sofrimento, não obstante o que tem passado, é um povo especial,. é um povo abençoado por
Deus.
Encerro
o meu pronunciamento com um Salmo, registrado no capítulo 122, versículo 6:
“Orai
pela paz de Jerusalém; prosperem, prosperem aqueles que te amam, oh!
Jerusalém.” Muito obrigado. (Palmas.)
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Pedro Américo Leal está com a palavra pelas Bancadas do PPB e
PMDB.
O SR. PEDRO AMÉRICO LEAL: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. (Saúda
os componentes da Mesa e demais presentes.) O quatorze de maio de 1948, em Tel
Aviv, é apregoado, por David Ben
Gurion, como o Dia da Criação de Israel. É comemorado, no calendário
judáico, duas semanas antes.
Dois
mil anos de peregrinação pelo mundo tornou esse povo, andante mas forte,
profundamente solidário, altamente intelectual. As últimas demarches,
contudo, na data da sua criação,
oscilaram; o auxílio americano, sempre presente, em certo momento hesitou. A firmeza e o desassombro de um caudilho do Rio Grande,
Osvaldo Aranha, que presidia a ONU,
precipitou a decisão. A longa caminhada milenar em busca da terra prometida,
parecia que ia ter fim. E o que
significou para esse povo errante, espalhado pelo mundo, esta data? A façanha é traduzida por um navio de
passageiros, ou de carga, não sei, não consegui vislumbrar, vi em fotografia, o
Exodus, descarregando 4.300 judeus,
transportados para povoar, em
tumulto, a nação que surgia. O que
viria? Ninguém sabia. Encerrava-se a
espera milenar por um território, a
busca de um chão, iniciava-se a luta, que
se dá até hoje, do judeu para conservar
esta pátria. Obedientes ao Senhor, sob as dez pragas, rumo ao deserto, sob a
orientação de Moisés, atravessaram o Mar Vermelho, episódio místico e
histórico, sobreviveram séculos, até que
chegaram às cinzas da cremação, onde seis milhões de judeus, quase a
população atual do Estado de Israel,
foram eliminados. Nascia o Estado, a Pátria. E o que significam esses 50
anos? Foram fáceis? Desenvolvimento sem contestação? Ou foram lutas constantes, traduzidas pelas palavras graves,
proféticas de Menachen Begin: “As armas hebraicas é que decidirão os assuntos
do Estado hebreu. Assim é agora, nesta batalha, e assim será no futuro”. A
ajuda de todos os judeus do mundo se fez necessária. A economia prosperava.
Respeitado pelas grandes potências, surge a figura de Moshe Dayan, que
conquistou - estrategista incrível; eu sou militar - o deserto de Sinai, a
faixa de Gaza, Jerusalém oriental e as estratégicas colinas de Golan. Lembro
que num jantar, empolgado, como militar discorria sobre essa manobra sublime
que possibilitou o comandamento militar de toda a região. Fui surpreendido por
um dos presentes que se encontrava ali, entre vários judeus. Disse ele, com voz
arrastada: “Senhor, eu combati em Golan. Eu estava lá.” Olhei seu semblante.
Não reclamava uma façanha, a sua presença em Golan. Sua voz era embargada pela
emoção. Tratava-se de um judeu veterano e moço. Ele tinha estado em Golan! Ele
sabia do que eu estava falando! Mais adiante, para consolidar essa fé
inquebrantável no estado que surgia, veio a Guerra do Ybbom Kippur, Dia do
Perdão, dia solene, em que os judeus guardam respeito e não esperam combate,
mas ele veio. Foram atacados, em operação ofensiva das tropas egípcias e
sírias, com reforço jordaniano e iraniano. De repente, surgiram. A surpresa
nocauteou o exército hebraico. Os judeus vão à lona, sofrem várias derrotas,
mas vem a recuperação, numa arrancada fulminante: as fronteiras de1967 voltam a ser impostas. Outra vez Moshe
Dayan! Os judeus, em “Israel, se defendem com uma das mãos, enquanto que com a
outra, trabalham e constróem.” - essa frase não é minha. Entre ataques e prontidões
eles fizeram de desertos, jardins. Não sei, não vi, mas contam que a estrada
que leva à Beerscheva se debruça sobre uma região das mais ricas, onde a renda
agrícola por metro quadrado é a maior do mundo. Ali está a universidade do
deserto: a Universidade Ben Gurion - não vi; li. Em contraste, indo de Tel Aviv a Jerusalém, vêm-se as
carcaças dos tanques, armas de combate destruídas, rastros de lutas travadas,
em constante lembrança de que tudo é conquistado a ferro e fogo. Assim é
Israel. “Shalom”, diz o soldado, o cidadão, o homem ou a mulher que,
diariamente, sai para o trabalho, prevendo, armado, a constante defensiva.
Todos sabem que a luta é constante, desesperada, pela sobrevivência. Eu tenho
amigos em Israel. Há que se defender Golan, os campos da Cisjordânia, o túmulo
dos patriarcas, mil símbolos históricos que estão por ali, de antepassados que
ordenam tenacidade. Também fizeram história. Aí está o passado dessa estranha
gente e dessa estranha terra que
absorve até hoje as atenções do mundo, mormente em Jerusalém, berço de três religiões, como foi dito aqui pelo
meu colega Isaac Ainhorn.
“Não!
Jerusalém nunca foi capital de nenhum país ou império. O povo judeu nunca teve
outra capital. Em Jerusalém nunca haverá acordo”. As palavras não são minhas,
não fui eu que as disse, foi o Primeiro Ministro de Israel.
O
espírito, a convicção, a posição inabalável deste povo que sabe jogar a última
cartada em cada decisão que toma é como o esgrimista que chega ao fim do tapete
e sabe que o passo que ele vai dar será
a sua derrota, porque não há mais tapete.
E
então, surge a afirmação, convicção em Israel, silenciosa convicção:
"Estamos preparados para o melhor, mas se vier o pior, temos uma
resposta.” É isso que se diz em Israel.
É
o espírito, a disposição deste povo que, sobrevivendo ao holocausto, está
preparado para tudo na manutenção da
sua liberdade, da sua dignidade, de ter onde morar, de ter sua pátria.
Os
judeus de todo o mundo, presenteou ausentes, perante a luta são solidários com
seus antepassados.
Eu
já dei minha contribuição para Israel. Em 1960, com mais homens, preparei a mocidade, não sei se tem algum aqui
preparado por mim, para que não atacássemos Anne Frank, O Israelita, e outras
posições judaicas, aqui nesta Capital. Minha admiração. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Clovis Ilgenfritz): Consideramos como extensão da Mesa o
Rabino Mendel Liderov, do Beit Raban; Sr. Rubens Narnamovitch, Guia Espiritual
da União Israelita; Prof. Guershon Kwasniewski, Líder Religioso da SIBRA; Sra.
Yehuda Guitelmaw, Guia Espiritual do Centro Israelita Porto-alegrense; Sr.
Salomon Sarnbanot, Razan do Centro Israelita Porto-alegrense; Dr. Henrique
Feter, Presidente do Centro Israelita Porto-alegrense; Dr. Guedalha Saitoch,
Presidente da Organização Sionista do Rio Grande do Sul; Sr. Nilo Berlin,
Presidente da B’NEI B’RIT; Sr. Antônio Cesar do Nascimento, representante da
Liga da Defesa Nacional e da Associação do Batalhão Suez; Sra. Márcia
Friedmann, Diretora do Colégio Israelita; Coronel Edmir Mármora, Comandante do
Colégio Militar de Porto Alegre; Sra. Ena Raskin, Presidente das Senhoras
Pioneiras; Sr. Samuel Schneider Netto,
IIº Vice-Presidente da Federação Israelita; Sra. Sara Toriskavili, Presidente
das Senhoras Witzo; Dr. Malk Zamel, Presidente do Shira Apleitá.
O
Ver. Cláudio Sebenelo está com a palavra.
O SR. CLÁUDIO SEBENELO: Exmo. Sr. Presidente em exercício, Ver.
Clovis Ilgenfritz. (Saúda os demais componentes da Mesa.) Srs. Vereadores,
Senhoras e Senhores. Na verdade, Sr. Embaixador, Israel quer dizer aquele que
lutou contra Deus. Canaã a terra da promissão, conquistada pelos egressos do
cativeiro do Egito , há 3. 300 anos foi a sede do primeiro estado hebreu, cuja
capital, naquela época e hoje, é Jerusalém. Os filhos de Israel na diáspora
posterior à destruição do Templo pelos romanos, referem-se à Palestina antiga
como o Ertz Israel - a Terra de Israel
-, em 1948, Medinat Israel passou-se a denominar Estado de Israel, cuja nação foi deformada
em sua estrutura, por séculos de diáspora de desterritorialização.
Em
Jerusalém há um monte chamado Sion,
antigo nome da cidade, e anseio da volta, desde os primeiros sinais desta
diáspora, traduzindo, em sua saga, um sentimento de um saudoso regresso: o
Sionismo. De volta, de regresso a quê? Se não mais existia Israel física e
politicamente. Na verdade, foram os fatores culturais, religiosos e
étnicos que permaneceram, e se alguém
duvida que o idioma, uma cultura, um povo sem solo possa constituir-se, possa
assegurar-se, possa garantir uma nacionalidade, que perguntem ao povo judeu.
Se,
hoje, comemoramos este meio século de gloriosa independência, esta data contém
um significado ainda maior: o resgate moral, depois de tanto andar pelo mundo,
discriminados, sem serem aceitos apenas por questões religiosas, depois de
seculares perseguições, depois de um holocausto desumano, cruel, despótico,
radical, e por todos os títulos nos retirando o cognome de espécie sapiens.
Thoedor
Herzl, judeu austríaco, jornalista, impactado com o famoso processo Dreyfus,
atormentado pelo crescente sentimento anti-semita na Europa do fim do século,
fundou a Organização Sionista Mundial, cujos objetivos fundamentais
concentraram-se na libertação nacional do povo judeu, através do sonhado Eretz Israel, refúgio de perseguições e
centro de renovação cultural e da
civilização judaica.
Duas
declarações suas foram fundamentais: “fundei o Estado Judeu” e “Palestina -
terra sem povo, Judeus - gente sem-terra”. Cinqüenta anos após essa declaração,
todos vestidos de terno preto, camisas de colarinho sem gravatas, abertas pelo
calor do deserto, encimados apenas pela
sua foto, pois sua morte em 1904 o impediu de ver o seu ansiado Eretz
Israel pelo qual tanto lutou, a bandeira azul e branca, com a estrela de David,
símbolos de uma luta, permitiram, com
um imenso legado histórico a legitimá-lo, a David Ben Gurion ler, às 16h
horas do dia 14 de maio de 1948, no Museu de Tel Aviv, a proclamação da
Independência, direito histórico de justiça, de liberdade, de paz, princípios
pregados por antigos profetas israelitas.
Imediatamente,
o Estado de Israel foi reconhecido, diplomaticamente, pelos Estados Unidos, União Soviética e , oito
horas depois, era invadido por inúmeros vizinhos.
Em
11 de junho de 1948, o Conde Folke Bernardotte obtém o cessar fogo e, desde
então, a população do novo estado, que era de 700 mil habitantes, passou, até
1970, para 3 milhões de imigrantes que
chegavam à terra dos “Kibutzim” e dos “moshavim” a se constituírem em bases de comunidades judaicas, exemplos para o mundo com os seus
próprios organismos de direção.
A
sucessão de estadistas, quer como presidentes, quer como primeiros ministros de um Estado
Parlamentarista, Bem Ghurios, Levi Skhol, Golda Meir, Shimon Peres, Menachem
Begin, Itzaak Rabin, artífices mágicos da integração terra-povo, a água brotou
do deserto, a irrigação transformou as areias movediças em terras férteis,
agricultáveis, transformou os solos devolutos em verdes campos, onde os
excelentes índices de produção, de rentabilidade, mostram, além de um exemplo e
inédita experiência para o mundo, a pujança de um povo.
Povo
cuja versatilidade notável, rejeitados e perseguidos eram notórios e
competentes comerciantes nos estreitos viezes dos entreburgos medievais. Como
estado organizado e em pequeno pedaço de terra, torna o deserto produtivo,
reflorestam, exploram minérios, constróem tecnologia de ponta, contribuindo
para a civilização moderna em todos os setores da atividade humana.
Sua
perenidade, seja na África, como os judeus negros da Etiópia, os falashes, que conservam, ainda, palavras
do hebraico e conservam o Pentateuco e o seguem (os beita Israel - judeus
etíopes), asseguram um continuum
cultural para que possamos usufruir de músicas como as de Mendelssohn, de
Mehaler, do gênio de Freud, da elasticidade do Tande, da nossa Seleção de Vôlei , de maestros como Leonard Bernstein,
de escritores como Moacir Scliar que nos legou uma crônica inesquecível: “A
Orelha de Van Gogh”, da maior ternura, da arte maravilhosa de Marc Chagall que
nos mostram como se espalha pelo mundo uma cultura que vem da terra, da raiz,
que existiu, existe e existirá para sempre.
O
Rio Grande do Sul, Sr. Embaixador, abriga, desde o início do século, uma
colônia de judeus agricultores, - o que é uma raridade - no interior, uma
Cidade chamada hoje de Erebango e ilustres sobrenome judeus que chegaram no
início do século ao Rio Grande do Sul, hoje são pessoas da nossa sociedade
profundamente integradas e conhecidas do nosso povo.
Porto
Alegre abriga no íntimo de suas ruas um bairro famoso, o Bom Fim, protegido por
nosso mais lindo Parque, cortado por uma Avenida que tem o nome de um dos
fundadores do Estado de Israel, Oswaldo Aranha, por onde nos identificamos com
a cultura, com o jeito de ser de um povo, com gosto de chão, de raiz e que fala
a língua de todos os sonhos, do maior de todos, o sonho da paz universal. Muito
obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Clovis Ilgenfritz ): Solicito ao Ver. Isaac Ainhorn, 2º
Vice-Presidente da Casa, que presida os trabalhos uma vez que este Vereador tem
um compromisso previamente agendado, num painel sobre o Plano Diretor. Eu serei
o painelista, o compromisso é daqui a alguns minutos. Sei que o Vereador faz
questão de ficar no Plenário, porque ele é o propositor, mas ele é a autoridade
que deve substituir o 1º Vice-Presidente neste momento. Peço desculpas e quero
dar um abraço carinhoso e fraterno nos meus amigos e no povo israelense. Peço
licença, e passo a Presidência ao Ver. Isaac Ainhorn.
O SR. PRESIDENTE (Isaac Ainhorn): Está com a palavra o Ver. Henrique
Fontana que falará pela Bancada do PT.
O SR. HENRIQUE FONTANA: Senhor Presidente e Senhores Vereadores.
(Saúda os componentes da Mesa.) Senhoras e Senhores que visitam a Câmara
Municipal para receber essa justa homenagem que esta Câmara faz ao povo Judeu
na tarde de hoje. É com muita honra e alegria que ocupo esta tribuna para
saudar o povo Judeu em meu nome pessoal e em nome do meu Partido, o Partido dos
Trabalhadores. Mais do que com honra e alegria é com convicção política que
ocupo esta tribuna, porque me sinto absolutamente contemplado ao acompanhar,
estudar e aprender a história de lutas do povo Judeu que ensina aos povos e à
humanidade a força da convicção daqueles que sabem o valor da liberdade e da vida.
Aqueles que já lutaram e, seguramente, esse povo é o exemplo vivo mais forte
que a humanidade tem daqueles que já
lutaram contra a perseguição e contra a possibilidade de manter a sua própria
vida. Ao constituir o Estado de Israel, o povo judeu sintetizou, em um momento
simbólico de virada de um momento histórico, uma conquista que tem relação com
o sentimento mais profundo que qualquer ser humano carrega ao longo de sua
vida, que é o sentimento de dignidade. Quando se constituiu esse Estado, seguramente,
nós, democratas, homens que lutam pelo direito à dignidade, homens que lutam
para garantir que esse valor fundamental das relações humanas tenha cada vez
mais espaço na sociedade, comemoramos, porque aquele foi um dia de mudança
histórica, em que o sentimento de dignidade foi vencedor e se estabeleceu
para muitas pessoas ao redor do
planeta: judeus e não - judeus.
Todos
nós torcemos, atuamos, publicamente, e interferimos, na medida das nossas
possibilidades, para que essa intrincada e difícil negociação do desafio
permanente de constituir a paz definitiva naquela Região, que respeite o povo judeu e o povo palestino, desejamos que todos nós
recobremos os nossos esforços, neste dia de festa e de comemoração, para
que aqueles que são, seguramente, a imensa maioria do lado desses dois povos, e a imensa
maioria da humanidade que não fazem parte desses dois povos, mas que têm
absoluto interesse por acompanhar essas negociações, porque somos cidadãos do
mundo, somos amantes da paz e queremos construir uma humanidade fundada em um
alicerce diferente do da guerra e daquele que não respeita a condição humana
por si só, independente de raça, credo ou de qualquer outra situação.
Portanto,
a nossa força e a nossa torcida para que essa luta consiga ser vitoriosa.
Por
último, uma outra palavra que me motiva falar nesta tarde e um parênteses sobre
a vida pessoal deste Vereador, e que seguramente tem relação e encontra na
mente e no coração de cada um dos judeus que aqui estão certamente já
vivenciaram essas situações, que é a luta permanente contra o preconceito.
Recordo-me, e os jovens, mais idosos e médios que estão aqui certamente já
viveram em muitos momentos, e eu vivi na minha infância, ouvi muitas frases
preconceituosas contra o povo judeu. E muitas vezes refleti o que aquilo
significava, e ao longo da vida fui aprendendo, como democrata, que todo o
preconceito deve ser combatido de forma intransigente porque todos nós devemos
ser felizes calcados em cima das nossas convicções pessoais, em cima da nossa
raiz histórica, em cima da nossa cultura. Aprendi, ao longo dos anos, e
efetivamente construi dentro de mim essa convicção de respeito a esse povo, que
hoje represento nesta tribuna em meu nome e em nome do meu partido, o PT, que
também tem esse compromisso.
Encerro,
cumprimentando o Ver. Isaac Ainhorn que, permanentemente, nesta Casa, defende
todas essas questões que procurei rapidamente colocar na minha fala, dizendo
que ao longo da minha trajetória de homem público e ao longo da trajetória de
meu partido seguramente estaremos sempre prontos para defender o povo judeu em
qualquer momento em que esse povo tenha
ameaçado o seu direito, a sua própria organização e o seu direito a viver na
plenitude as suas convicções. Muito obrigado. (Palmas.)
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Concedo a palavra, neste momento, ao ilustre Vice-Prefeito Dr.
José Fortunati.
O SR. JOSÉ FORTUNATI: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. (Saúda
os Componentes da Mesa e demais presentes.) Quero, em nome do Prefeito Raul
Pont, trazer um abraço fraterno a todo o povo Judeu.
Sabemos
nós o quão importante é a comemoração dos 50 Anos de Israel, certamente, mais
importante do que qualquer outra independência ou qualquer outro fato
contemporâneo que diga respeito a um país de forma isolada. Israel não
representa apenas a construção de um
território, mais do que isso, Israel nos coloca, de forma muito clara, a luta
milenar de um povo que foi disperso pelo mundo e que sacramentou a sua luta, a
sua organização, a sua perseverança, a sua fé, num Estado, nesse Estado que,
hoje, se chama Israel.
Tão
importante quanto hoje refletirmos e conclamarmos o Estado de Israel é
conclamarmos e refletirmos sobre essa luta histórica, importante, milenar, que
o povo judeu tem trazido ao nosso Planeta. Uma luta, sim, que serve como exemplo de todos aqueles que,
no dia-a-dia, no nosso cotidiano, lutam pela paz social, lutam pela justiça
social, lutam pela integração entre os povos, lutam, enfim, pela construção de uma humanidade fraterna,
uma humanidade construída em cima de valores humanitários. Eu não tenho dúvida
de que, ao relembrarmos e ao
comemorarmos os 50 Anos de Israel, todos nós temos presente que 50 anos é muito
pouco perto dos três mil anos de Jerusalém. E é muito pouco perto da luta que esse povo tem traduzido, no seu
cotidiano, para que o nosso mundo, para que o nosso Planeta realmente viva em
paz. Vida longa a Israel! Muito obrigado. (Palmas)
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Vamos ouvir a apresentação do conjunto
musical Lechaim, interpretando músicas da cultura judaica.
(É
feita a apresentação do conjunto musical Lechaim.)
O SR. PRESIDENTE: Agradecemos a participação tão importante
que foi a participação artístico-cultural desse grupo formado por profissionais
liberais da comunidade judaica do Rio Grande do Sul. Com a palavra o Dr. Mário
Anspach, Presidente em exercício da Federação Israelita do Rio Grande do Sul.
O SR. MÁRIO ANSPACH: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. (Saúda
os componentes da Mesa e demais presentes.) Este ato do Legislativo de nossa
Cidade, uma tradição desta Casa, tem este ano um significado muito especial: o
Estado de Israel completa 50 anos de sua independência. Essa comemoração dos 50
anos do Estado de Israel é única nos anais da humanidade, pois comemora um fato
histórico sem precedentes, o retorno e a libertação de um antigo povo exilado,
disperso, perseguido e quase aniquilado, de volta à sua terra natal, depois de
vagar quase vinte séculos sem pátria, sem defesa e vítima de um contínuo
holocausto.
A vitória da vida contra a morte, da justiça
contra a força, do direito contra a injustiça, de poucos contra muitos
transforma Yom Hatzmaut - o Dia da Independência - numa festa universal judaica para todas as gerações.
“Se
o quizerdes, não será uma lenda” - este
pensamento de Theodor Herzl, que foi o grande idealizador do movimento do
retorno à terra prometida, sintetiza a
filosofia que necessitava renascer no mais íntimo desse povo, para que o seu
sonho milenar - a volta a Sion - se
tornasse uma realidade.
Como
Moisés, Herzl não chegou a ver a Terra Prometida, mas, sem nenhuma dúvida, foi
um profeta dos tempos modernos. Vivendo num clima de liberdade em Paris, centro
dos novos ideais de valorização do ser humano em todos os aspectos, escreveu o
livro “O Estado Judeu”. Nesse pequeno
livro estavam apontados os caminhos
para a fundação do que é hoje o Estado de Israel.
Segundo
Martin Buber, Herzl foi “o estadista sem estado”.
Mas,
no entanto, se Herzl criou uma idéia visionária, Chaim Weizman soube desempenhar-se,
inteligentemente, no complexo organismo que foi o pré-estado de Israel em busca
da maturidade. Já Ben Gurion colocou a sua poderosa imaginação histórica para
agir nas questões pragmáticas da construção do Estado de Israel.
Mas
um outro líder de prestígio universal, contemporâneo de Ben Gurion, iria ter
participação decisiva na criação do novo Estado: o Chanceler Osvaldo Aranha.
Esse
gaúcho do Alegrete, vindo de uma terra como o nosso querido Rio Grande do Sul,
que é uma fonte inesgotável de liberdade, teve a sensibilidade de saber
decidir, com sabedoria e coragem naquele momento decisivo para a História do povo judeu, investido das elevadas
responsabilidades de Presidente da
Assembléia- Geral das Nações
Unidas. Este autêntico brasileiro jamais será esquecido. Aquele povo que, mesmo havendo enfrentado sofrimento e
perseguições, através de séculos, que conservava ainda viva a chama dos princípios éticos e morais recebidos das
mãos de Moisés, no monte Sinai, necessitava voltar
ao ser lar nacional, terra na
qual esses mesmos princípios tiveram a sua nascente, irradiando-os para toda a humanidade. A História do povo judeu
foi sempre marcada por perseguições e sofrimento, o Holocausto, com a
destruição de seis milhões de
vidas humanas pela única razão de serem
judeus, representou o maior genocídio da História da humanidade. Esperamos que
os seis milhões de judeus exterminados
e as dezenas de milhões de outras origens também exterminadas constituam em um
alarma capaz de acionar o mundo democrático a fim de impedir que, com as suas concessões
políticas, fortaleça a expansão do fundamentalismo em todos os seus aspectos. A
sociedade tem que construir a lembrança para
evitar a repetição do acontecido, não pode haver justiça com o esquecimento, mas sim com a
recordação, a memória nos torna mais humanos. Sabemos bem que ainda os canhões não se
calaram e que fanáticos, tanto de um lado como de outro, provocam empecilhos e perturbações. No entanto, nunca
o Estado judeu esteve tão fortemente implantado, tão politicamente
estabelecido, tão culturalmente atuante e tão cientificamente produtivo. O
Estado de Israel orgulha-se de ser uma
nação livre, uma democracia baseada nos valores eternos da lei judaica,
na igualdade, na justiça, na dignidade humana, na liberdade e na supremacia de
lei e dos direitos, sendo fiel aos princípios da Declaração de Independência,
princípios estes baseados na sua herança, na visão de paz e justiça de nossos
profetas. Finalizando, Sr. Presidente, Srs. Vereadores, desejo, em nome da
federação Israelita do Rio Grande do Sul, órgão representativo da Comunidade
Judaica no Estado, agradecer o nobre gesto dos Senhores integrantes desta Casa
que, ao acolherem a proposição do ilustre Ver. Isaac Ainhorn, ensejaram a oportunidade
desta homenagem que merece o maior respeito de toda a nossa comunidade. Shalom
e muito obrigado. (Palmas.)
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Temos a honra de passar a palavra ao Sr.
Embaixador do Estado de Israel no Brasil Sr.Yaacov Keinan.
O SR. IAACOV KEINAN: Ilmo. Sr.Presidente em exercício, desta Câmara, caro amigo Ver.
Isaac Ainhorn; Ilmo. Sr. Representante do Prefeito Municipal de Porto Alegre;
minha colega distinguida e amiga Consul-Geral de Israel Sra. Dorit Shvit;
Presidente em exercício da Federação de Israel no rio Grande do Sul, Sr. Mário
Anspach, prezados componentes da Mesa, Vereadores, eu devo também assinalar com
muito apreço a presença do ver. João Dib, cuja sua intervenção, na última vez
que estive aqui, eu lembro com muito carinho; autoridades militares e civis,
líderes da comunidade, distintos Rabinos, Senhoras, Senhores. É com prazer
especial que me encontro de novo aqui nesta Casa, comemorando a data nacional
de Israel, correspondente ao cinqüentenário de sua independência. Gostaria de
agradecer as emocionantes palavras de homenagem ao meu País e ao nosso povo,
que ouvimos hoje aqui.
Não
posso esquecer-me das tristes circunstâncias de meu primeiro encontro com
vocês, ligando a alegria de saudar e festejar os calorosos vínculos existe
entre a Cidade de Porto Alegre e o Estado de Israel, quando do pesar no plantio
do Bosque em memória de Yitzhak Radin, de “Abençoada memória”, na área desta
Câmara.
Estamos
comemorando este ano os impressionantes sucessos alcançados por nosso jovem Estado, convencidos, apesar das
dificuldades do processo em curso, de que vamos conseguir coroá-los em muito
pouco tempo, com a realização de nosso sonho de paz.
É
uma imensa satisfação constatar sempre, nesta
terra gaúcha, a vitalidade e o conteúdo vivo de amizade do povo
brasileiro para com o povo de Israel. Não foi por acaso que um dos importantes
parteiros de nossa independência tenha sido o ilustre estadista Oswaldo Aranha,
nascido em Alegrete.
Possivelmente
o relacionamento especial existente entre os gaúchos e Israel tenha sido
alimentado pela consciência e simpatia por um pequeno povo, que longe daqui no
Oriente Médio, lutava para assegurar sua
independência, conservando o seu caráter nacional, sua sobrevivência
como povo e para estabelecer suas fronteiras estáveis e reconhecidas por seus
vizinhos.
Essa
luta israelense de cinqüenta anos, se encontra nas últimas etapas.
No
fim deste século estamos enfrentando o início de outros problemas, que vão nos
influenciar no próximo meio século, mesmo vivendo como esperávamos, em um
ambiente de paz e coexistência com nossos vizinhos.
Por
detrás das manchetes e reportagens dramáticas da mídia, podemos já vislumbrar o
caráter desses problemas, que serão menos ligados à nossa sobrevivência física
e mais vinculados à determinação da nossa visão social, cultural e espiritual.
É
claro que os valores da democracia e o jogo da livre opinião, que caracterizou
sempre a vida comunitária judaica no passado e a vida política israelense no
presente, facilitarão a resolução desses nossos futuros problemas.
A
infra-estrutura educacional, científica e tecnológica, que constitui a fundação
de nosso sucesso econômico, vai continuar fornecendo prosperidade ao nosso
futuro.
Os
últimos anos testemunharam o fortalecimento da cooperação entre Israel e o
Brasil, em geral, e entre Israel e o Estado do Rio Grande do Sul, em
particular. Vamos continuar estimulando ainda mais esse processo.
A
amizade entre nós, simbolizada por esta cerimônia, é uma das mais importantes
garantias de nosso relacionamento, em um mundo cada vez menor.
Gostaria,
também, como sempre de agradecer a iniciativa do Ver. Isaac Ainhorn, amigo fiel
do relacionamento entre este Estado e esta Cidade e o Estado de Israel, e que
seja sempre forte na continuação dessa obra tão importante para nós todos.
Agradeço
pela apresentação artística, tão impressionante, pelo convite e pela
oportunidade de compartilhar, mais uma vez, com vocês desta manifestação de
cordialidade
Obrigado
e um sincero e verdadeiro shalom a todos.
O SR. PRESIDENTE (Isaac Ainhorn): Para encerrar, solicitamos que V.Sas
aguardem um momento, pois nesta
oportunidade, convidamos o Guia Espiritual da Sinagoga União Israelita que encerrará esta Sessão com o Toque
do Shofar.
(Procede-se
ao Toque do Shofar.)
Convidamos
a todos os presentes para que no andar térreo,
visitemos um Painel para as vítimas do holocausto, sob o título
Metamorfose do Artista Plástico alemão-israelense Gershon Knispel.
Encerramos a presente Sessão Solene, agradecendo a presença
de todos.
(Encerra-se
a Sessão às 19h07min.)
* * * * *